quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aaron Beck

Homenagem ao Beck, pois será seu aniversário!
Group cognitive behavioral therapy for depressive and anxious symptoms in patients with epilepsy

O que é a Terapia Cognitiva? (por Ana Maria Serra)

Terapia Cognitiva: uma maneira contemporânea de pensar?

         Nos tempos atuais, o ser humano vive bem mais pressionado e estressado, tendo um curto espaço de tempo para a resolução de seus conflitos. No entanto, como o mundo está exigindo uma vivência mais árdua e instantânea, devido a um processo que a própria sociedade gerou e fortificou cada vez mais, as maneiras de ajuda através das psicoterapias, também devem ser breves e ao mesmo tempo, eficazes. Foi observado com o tempo, que algumas abordagens não atendiam a essa demanda da população (tanto pacientes quanto terapeutas), e que outras linhas terapêuticas precisavam de algo mais prático e objetivo para desenvolver uma forma de psicoterapia breve focada nos problemas atuais. Devido a essas situações embaraçosas, autores e cientistas contemporâneos, chegaram à conclusão de que as pessoas buscam as psicoterapias para solucionar algumas situações que o incomodam no momento, e não para resolverem conflitos do passado com o objetivo de mudanças no futuro.
Vários estudos já demonstram estas mudanças significativas que se multiplicam cada vez mais nas psicoterapias. As que se tornarão mais consistentes, certamente serão as que têm como base evidências científicas, resultados satisfatórios em um curto espaço de tempo, ou seja, as psicoterapias breves e consequentemente as que focam nos problemas específicos do paciente, não tendo dessa maneira, tempo para a terapia abordar assuntos que não são a chave do problema.
A linha terapêutica que está sendo considerada boa, com intervenção psicológica atual valorizada e resultados significativos, possui um papel mais diretivo nas mudanças para que paciente e terapeuta tenham uma conduta cooperativa de modo a permitir que o próprio paciente saiba reconhecer seus pensamentos distorcidos da realidade, para posteriormente modificá-los.
O que fez a Terapia Cognitiva ser aplicada pelo mundo como uma abordagem dominante nas últimas décadas (principalmente nos Estados Unidos), foram suas características distintas como caráter focal, breve, eficaz e objetivo. O modo pela qual ela se procedeu foi criado por Aaron Beck.
  A Terapia Cognitiva se preocupou desde seu início em fundamentar intervenções específicas através de pesquisas, no qual foram realizados inúmeros estudos empíricos com o objetivo de avaliar sua autenticidade. Segundo um autor contemporâneo, devemos estar plenamente cientes das pesquisas que permeiam nosso âmbito profissional, a fim de efetuar escolhas condizentes às evidências científicas vigentes. Tantos os psicoterapeutas quanto os pacientes deveriam tomar ciência das vantagens e desvantagens das intervenções, seja ela a curto ou a longo prazo. Seria como dizer que na Terapia Cognitiva permeia um saber de cunho científico baseado no “aqui e agora” e não através de fenômenos ao passar do tempo.
A Terapia Cognitiva utiliza algumas técnicas como tarefa de casa para que o paciente tenha um melhor aproveito do tratamento e compreensão de seus problemas psíquicos. Esta apresenta uma grande vantagem que é a prevenção contras as recaídas, no entanto, foram realizados diversos estudos cuja finalidade fora de autenticar sua eficácia de fato resultando em validações significativas. Vários autores e pesquisadores, relatam a importância de um tratamento com a Terapia Cognitiva, pois tais estudos evidenciaram um prognóstico mais favorável em relação àqueles que faziam uso apenas de medicação.
Como estudante da abordagem cognitiva, acredito que pesquisas e resultados empíricos podem dar uma impressão errônea de uma “clínica mecânica”, porém o sucesso da Terapia Cognitiva, como em qualquer outra psicoterapia, irá depender de forma mútua do terapeuta e do paciente que devem estar constantemente agindo cooperativamente para solucionar os problemas, permitindo que o próprio paciente aprenda a identificar e modificar seus pensamentos, pois “as crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos. O quê e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu bem estar emocional” (Aaron Beck). Seu fundamento é exatamente  de que as pessoas atribuem significados aos acontecimentos da vida, e suas respostas emocionais e comportamentais surgem em razão dessas interpretações que fazem dos eventos, das situações em si.Elas controem pensamentos automáticos disfuncionais que não condizem com a realidade do sujeito. Essas manifestações cognitivas originam de “estruturas” que fazem parte do desenvolvimento processual, sendo assim, o homem é então um organizador de sua própria realidade e está em constante interação com o mundo em construção.
Considerando a postura construtivista, que defende a idéia de que nosso conhecimento é construído, pode-se entender o sistema de esquemas que resulta de experiências relevantes registradas no inconsciente. Os esquemas refletem o significado da percepção do real pelo sujeito e geram crenças que se expressam no pré-consciente na forma de pensamentos automáticos. Piaget dizia que quando uma pessoa vivencia uma experiência que não se encaixa em seus esquemas existentes, ela então tenta adequar o esquema a nova informação. No entanto, quando os indivíduos começam a perder essa flexibilidade cognitiva, eles tornam-se rígidos e seus esquemas tornam-se disfuncionais.   Portanto o objetivo da Terapia Cognitiva seria ajudar a promover uma reestruturação cognitiva de forma a substituir esquemas e crenças disfuncionais por formas de pensar mais adaptativas e colaborativas para o indivíduo gerando uma melhora no humor e comportamento aproximando o sujeito de suas metas.
Essa “teoria” contradiz de certa maneira, que possíveis causas de alguns problemas das pessoas não estão nas raízes de suas experiências vividas na infância, ou seja, experiências como a atração e o desejo do filho pela mãe no sentido de manifestar interesse em casar com ela, mas posteriormente descobre o tipo de relação dos progenitores, e sente rivalidade para com o pai. A menina seduz o pai , mas é mais difícil rivalizar contra a mãe porque receia perder o seu amor. Freud considera que a forma como se resolve o complexo edipiano (explicado muito sucintamente acima) influenciará na vida afetiva futura. Sendo contemporânea, não é muito provável que pacientes queiram saber se seu problema atual é consequência de seu desejo pela mãe, ou pelo pai nos seus três a seis anos de idade.
Foi provado que a abordagem cognitiva funciona para qualquer tipo de transtorno, inclusive nos casos de esquizofrenia para o treino de habilidades sociais. Ela se disponibiliza de várias técnicas, mas como qualquer psicoterapia, estas devem ser aplicadas de maneira adequada para que sua efetividade seja comprovada.  Há trabalhos científicos divulgados o suficiente para afirmar que essa abordagem criada na década de 60, hoje é um método psicoterapêutico mais utilizado pelos profissionais, e também, serve de modelo para várias outras abordagens que tentam se encaixar no mundo pós-moderno, ou seja, uma psicoterapia que acompanha o ritmo da modernidade no contexto geral. Por isso a explicação de sua eficácia: problemas atuais pedem uma terapia mais ativa e diretiva, ou seja, a Terapia Cognitiva.
Por: Mari Ximenes

O que é a Terapia Cognitiva? (por Ana Maria Serra)

Terapia Cognitiva é um sistema de psicoterapia, proposto e desenvolvido por Aaron Beck e seus colaboradores, que integra um modelo cognitivo de psicopatologia e um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas baseadas diretamente nesse modelo. Em meados da década de 1950, Beck, Professor de Psiquiatria da Universidade da Pennsylvania em Philadelphia e um eminente Psicanalista, conduziu estudos empíricos para comprovar princípios psicanalíticos. A partir de seus estudos, propôs um modelo de depressão, que, evoluindo em seus aspectos teórico e aplicado, constitui-se em um novo sistema de psicoterapia, a Terapia Cognitiva.

A Terapia Cognitiva (TC) baseia-se na hipótese de vulnerabilidade cognitiva como um modelo de transtorno emocional. Seu princípio básico, que reflete uma postura construtivista, é de que nossas representações de eventos internos e externos, e não um evento em si, determinam nossas respostas emocionais e comportamentais. Nossas cognições ou interpretações, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação, constituiriam a base dos transtornos emocionais, os quais seriam definidos em TC mais propriamente como transtornos de processamento de informação. Fundamentada no princípio básico da TC e, em particular, na hipótese de primazia das cognições sobre as emoções e comportamentos, em TC busca-se a reestruturação cognitiva, a partir de uma conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas. Inicialmente, objetiva devolver ao paciente a flexibilidade cognitiva, através da intervenção sobre as suas cognições, a fim de promover mudanças nas emoções e comportamentos que as acompanham. Ao longo do processo terapêutico, no entanto, atua diretamente sobre o sistema de esquemas e crenças do paciente a fim de promover sua reestruturação. Em paralelo à reestruturação cognitiva, o terapeuta cognitivo utiliza ainda uma abordagem de resolução de problemas.

A Terapia Cognitiva reflete aspectos interessantes em sua praxis. Baseia-se na noção de esquemas, construídos ao longo do desenvolvimento, cujo conjunto resume as percepções pelo indivíduo de regularidades do real a partir de suas experiências históricas relevantes. Esquemas são definidos como superestruturas cognitivas que organizam nossas experiências do real e são organizados por elas, ao mesmo tempo em que guiam o foco de nossa atenção. TC adota uma abordagem estruturada, mas apóia-se em uma relação colaborativa entre o terapeuta e o paciente, na qual ambos têm um papel ativo através do processo psicoterápico. Objetiva não apenas a resolução dos problemas imediatos do paciente, mas, através da reestruturação cognitiva, busca dotá-lo de um novo conjunto de técnicas e estratégias cognitivas para, a partir daí, processar e responder ao real de forma funcional, sendo o funcional definido como formas que concorrem para a realização de suas metas.

Características que a distinguem de outras formas de psicoterapia são o tempo curto e limitado e a eficácia comprovada através de estudos empíricos, em várias áreas de transtornos emocionais como depressão, transtornos de ansiedade (fobias, pânico, hipocondria, transtorno obsessivo-compulsivo), dependência química, transtornos alimentares, problemas interpessoais, incluindo terapia familiar e de casal, etc., para adultos, crianças e adolescentes, nas modalidades individual e em grupo. Sua utilização no tratamento de psicoses apresenta resultados encorajadores. TC ainda é indicada como coadjuvante no tratamento de transtornos orgânicos, e em intervenções nas áreas de educação, organizações e esportes.

Terapia Cognitiva

Quem é um Terapeuta Cognitivo?
Judith S. Beck, PhD

(Tradução: Carla Andréa Serra. Transcrito, com permissão da autora, do boletim “Advances in Cognitive Therapy”, edição Julho de 2006, uma publicação conjunta da ACT – Academy of Cognitive Therapy e da IACP – International Association of Cognitive Psychotherapy)

Sempre que ofereço um workshop, eu pergunto aos presentes quem se considera um terapeuta cognitivo, quem é inexperiente com a terapia cognitiva, e quem utiliza algumas das técnicas da terapia cognitiva no tratamento clínico. Quinze ou vinte anos atrás, somente 10% da platéia se consideravam um terapeuta cognitivo. Atualmente, mais de 75% o fazem. Enquanto que essa porcentagem representa um aumento surpreendente, eu não necessariamente a considero inteiramente como uma boa notícia. Tenho descoberto que a minha definição de um terapeuta cognitivo freqüentemente não reflete a definição adotada pela maioria do meu público.

Ao longo de cada workshop, eu periodicamente e casualmente peço aos participantes que levantem sua mão caso eles façam o seguinte: 1) checar o humor do paciente de alguma forma, no início de cada sessão. 2) Estabelecer uma agenda próximo ao início de cada sessão. 3) Colaborativamente determinar lições de casa em cada sessão. 4) Pedir um feedback.

Esses elementos da sessão de terapia meramente refletem, obviamente, o mínimo em termos de fundamentos estruturais de tratamento. No entanto, apenas cerca de 10% dos terapeutas presentes em meus workshops, que se identificaram como terapeutas cognitivos, seguem esses itens tão básicos. Sua definição de um terapeuta cognitivo tende a ser aquele terapeuta que questiona o pensamento dos pacientes.

Quando perguntam sobre a minha definição de um terapeuta cognitivo, respondo que no mínimo, terapeutas cognitivos fazem o seguinte: 5) Eles continuamente conceituam o paciente e suas dificuldades de acordo com o modelo cognitivo e usam essa conceituação para planejar o tratamento ao longo das sessões e durante cada sessão em particular. 6) Eles continuamente trabalham em prol do desenvolvimento e manutenção de uma forte aliança terapêutica. 7) Eles coletam dados no início das sessões e conceituam os problemas dos pacientes a fim de colaborativamente estabelecer e priorizar uma agenda com o paciente. 8) Eles ativamente promovem a resolução de problemas e o acompanhamento do processo através de tarefas de casa estabelecidas colaborativamente (as quais freqüentemente são de natureza cognitiva ou comportamental). 9) Eles utilizam uma grande variedade de estratégias para ajudar os pacientes a identificar, avaliar e responder a disfunções cognitivas chaves, a fim de promover uma melhora duradoura nas emoções, comportamento, e (freqüentemente) respostas fisiológicas. 10) Eles continuamente trabalham em direção à prevenção de recaídas. 11) Eles variam a implementação dos itens acima a fim de atender as necessidades individuais de cada paciente.

Esses elementos são necessários, é claro, mas não suficientes para garantir um tratamento eficaz. Terapeutas cognitivos devem, por exemplo, aprender a formulação cognitiva e intervenções cognitivas específicas para cada transtorno de que tratam. Colocar um foco primário nas cognições negativas sobre si mesmo, o mundo e o futuro (como fazemos na depressão), muito provavelmente não será eficaz para pacientes com transtorno de pânico (os quais necessitam de um foco primário em suas interpretações catastróficas de seus sintomas). Terapeutas devem variar suas intervenções de acordo com os níveis de desenvolvimento e habilidade intelectual dos pacientes, seu grau de motivação e envolvimento com o tratamento, sua confiança no terapeuta, sua habilidade para concentrar-se e focalizar sua atenção, seus estilos de aprendizagem, suas crenças culturais e muitos outros fatores.

O título deste artigo é "Quem é um Terapeuta Cognitivo?". Eu preferiria que a pergunta fosse colocada da seguinte forma "Quem é um Terapeuta Cognitivo Eficaz?". Uma importante parte da missão da Academia de Terapia Cognitiva é identificar profissionais de saúde mental que não apenas praticam a terapia cognitiva, mas os quais a praticam bem. Você tem idéias a respeito de como podemos divulgar o que a terapia cognitiva eficaz realmente é? Em caso afirmativo, por favor envie-me um e-mail para jbeck@beckinstitute.org e a ACT (Academy of Cognitive Therapy) tentará implementar suas sugestões. Necessitamos de sua ajuda!

Who is a Cognitive Therapist?

Whenever I give a workshop, I always ask the audience who considers himself or herself to be a cognitive therapist, who is new to cognitive therapy, and who uses some cognitive therapy techniques in treatment. Fifteen or twenty years ago, only 10% of an audience labeled themselves as cognitive therapist. Now more than 75% usually do. While this number represents a staggering increase, I do not necessarily consider it to be wholly good news. I have found that my definition of a cognitive therapist frequently does not reflect the definition most of the audience uses.

Throughout each workshop, I periodically and casually ask participants to raise their hands if they do the following: 1) Check the patient's mood in some way at the beginning of each session 2) Set an agenda sometime near the beginning of each session 3) Collaboratively set homework assignments at each session 4)Ask for feedback.

These elements of the therapy session are, of course, merely the most minimal structural underpinnings of treatment. Yet only about 10% of the therapists in my workshops who self-identify as cognitive therapists do these very basic things. Their definition of a cognitive therapist tends to be a therapist who inquires about the patient's thinking.

When asked about my definition of a cognitive therapist, I reply that cognitive therapists, at the most minimum, do the following: 5) They continuously conceptualize patients and their difficulties according to the cognitive model and use this conceptualization to plan treatment across and within sessions. 6) They continually work toward the development and maintenance of a strong therapeutic alliance. 7) They collect data at the beginning of sessions and conceptualize patient's problems in order to collaboratively set and prioritize an agenda with the patient. 8) They do active problem-solving with patients and follow up with collaboratively set homework assignments (which are frequently cognitive and/or behavioral in nature). 9) They use a wide variety of strategies to help patients identify, evaluate, and respond to key dysfunctional cognitions in order to bring about an enduring improvement in patient's emotions, behavior, and (often) physiological response. 10) They continually work toward relapse prevention. 11) They vary their implementation of the above to meet the needs of the individual patient.

These elements are necessary, of course, but not sufficient to carry out effective treatment. Cognitive therapists must, for example, learn the cognitive formulation and interventions for each disorder they treat. Placing a primary focus on negative cognitions about the self, world, and future (as we do in depression) will very likely not be effective for patients with panic disorder (who need a primary focus on their catastrophic misinterpretations of symptoms). Therapists must vary their interventions according to patients' levels of development and intellectual ability, their degree of motivation for and engagement in treatment, their trust in the therapist, their ability to concentrate and focus, their learning styles, their cultural beliefs, and many other factors.

The title of this article is, "Who is a Cognitive Therapist?". I would prefer that the question be phrased, " Who is an Effective Cognitive Therapist?". An important part of the mission of the Academy of Cognitive Therapy is to identify mental health professionals who not only practice cognitive therapy but who also do it well. Do you have ideas of how we can better spread the word about what effective cognitive therapy is? If so, please email me at jbeck@beckinstitute.org and ACT will try to implement your suggestions. We do need your help!


Judith S. Beck, PhD
President, Academy of Cognitive Therapyhttp://www.academyofct.org/